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O Falso Problema da Bitola Europeia: perguntas e respostas Com o entusiasmo que se tem vivido com o investimento na ferrovia, em Portugal voltou à esfera pública uma velha discussão: Portugal precisa de adotar a bitola europeia ou não? A resposta a esta questão não é propriamente simples ou direta, aliás a pergunta pode nem ser bem essa.  Dito isto, talvez esteja na altura de fazermos mais um "perguntas e respostas" para arrumar de vez este assunto na prateleira onde devia estar há muito tempo.  Porque é que Portugal e Espanha têm uma bitola diferente do resto da Europa? Há várias razões. Apesar de ser comum ouvir a história de que seria uma salvaguarda para o caso de os franceses voltarem a invadir a península (não poderiam usar a ferrovia como meio de abastecimento), a razão mais amplamente aceite é de que no século XIX se acreditava que com uma bitola mais larga se podia construir locomotivas com caldeiras maiores, logo, com maior potência e capacidade de tração. Diferença
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Prolongamento da Linha Vermelha a Alcântara Há alguns dias começaram as obras de expansão do Metro Lisboa, nomeadamente o projeto da Linha Circular. Não vou dedicar mais tempo a "bater na mesma tecla", a obra avança e agora resta-nos lidar com ela de qualquer das formas. Mas no mesmo dia em que se assinou a consignação das obras da circular, quase em jeito de compensação, o Metro divulgou mais detalhes daquela que será das expansões mais importantes de toda a rede: o prolongamento até Alcântara da Linha Vermelha. Hoje, vamos discutir os detalhes desta expansão e o porquê de ela ser tão importante para a AML. A expansão da rede de metro para a zona ocidental da cidade é uma reivindicação antiga e que custa a acreditar que tenha demorado tanto tempo a ser colocada como uma prioridade nos investimentos do Metropolitano. Em 2017, quando se anunciou o projeto da Linha Circular, o ML esclareceu que em paralelo com a expansão Rato-Cais do Sodré, também estava a ser estudado um prolo
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O Plano Ferroviário Nacional   Esta segunda feira começou o processo de elaboração daquele que será o primeiro Plano Ferroviário Nacional, um momento certamente importante e que marca o início daquele que será um ano de debate intenso sobre a ferrovia que o país quer e precisa. Decidi, por isso, dedicar um artigo para falar sobre o que podemos esperar deste plano.  Antes de mais nada, é de saudar que finalmente haja vontade política de se avançar não só com grande investimento na ferrovia mas fazê-lo de forma estruturada e com planeamento de longo prazo. É preciso que haja coerência nas políticas seguidas e nos investimentos realizados e que o país não fique simplesmente a saltar de ciclo político em ciclo político com uma folha branca para onde se vão mandando umas ideias do que se pensa ser mais prioritário à medida que há financiamento. É importante criar um plano consensual, que se torne lei, e reja a evolução da nossa rede ferroviária nacional. O investimento na ferrovia não é imp
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O Acesso Ferroviário ao Aeroporto do Porto   Hoje vamos falar daquele que pode ser dos investimentos com mais retorno em toda a nossa rede ferroviária nacional: o acesso ferroviário ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Porque é que precisamos dele? Que potencial e abrangência tem este investimento? Em que moldes deve ser feito? Vamos tentar responder a estas questões.  O acesso ferroviário ao Aeroporto da Invicta é um tema já com alguns anos, que começou a ser discutido mais seriamente após a construção do atual terminal principal do Sá Carneiro nos anos 2000 e com a discussão em torno da Alta Velocidade em Portugal. O novo terminal, além de ter melhorado imenso os padrões de qualidade de serviço e conforto do passageiro, aumentou também muito a capacidade do aeroporto. Isto, conjugado com o facto de o Porto ser a grande área metropolitana do noroeste peninsular, acabou por permitir que o Sá Carneiro se tornasse não só o principal aeroporto do Norte do país mas também da Galiza, especi
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A Ferrovia no Algarve: que futuro podemos ambicionar?    O Algarve sempre foi uma região singular do nosso país. Não estou a falar das praias ou das paisagens espetaculares mas sim da sua situação peculiar no que toca à ferrovia. Porquê? Porque apesar do Algarve ser uma zona com uma população muito considerável (quase 440 000 pessoas) e de ser a terceira NUT III que mais contribui para o PIB nacional, a sua rede ferroviária sempre foi muito fraca. Vejamos. A Linha do Algarve estende-se ao longo da costa algarvia desde Lagos até Vila Real de Santo António, na fronteira com Espanha, conectando praticamente todos os grandes centros urbanos desta região. No entanto, a maior parte da Linha nem está eletrificada (só existe catenária entre Tunes e Faro), não há serviços que façam todo o percurso desde Barlavento a Sotavento e os poucos que há muitas vezes têm uma procura miserável.  Mapa da Linha do Algarve Tendo tudo isto em conta, levantam-se algumas questões: Porque é que o serviço na Linh
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Perguntas e respostas sobre a Alta Velocidade Lisboa-Porto A alta velocidade ferroviária em Portugal é um tema longo e controverso que se arrasta há quase 30 anos. Em outubro, aquando da apresentação da nova versão do PNI2030, o Governo anunciou que esta seria a década em que o país finalmente avançaria com a construção da Linha de Alta Velocidade (LAV) Lisboa-Porto. Mas dado que este tema é tão controverso, achei que seria útil escrever um artigo a desmistificar um pouco as coisas, esclarecer as dúvidas do grande público e clarificar o porquê de este investimento ser tão importante.  Reuni, por isso, uma série de perguntas que costumamos ouvir quando se fala da LAV Lisboa-Porto, às quais tentarei responder de forma sucinta e clara.  Portugal já não investiu que chegue em infraestruturas? O que temos não chega? Não, Portugal investiu muito em infraestruturas sim mas a esmagadora maioria do nosso investimento acabou na rodovia. A rede ferroviária nacional, por outro lado, recebeu um inv