Montijo: e agora? (parte 3) 

 Na parte 2 desta série percebemos a situação em que estamos atualmente na questão da capacidade aeroportuária de Lisboa. Resta então saber: o que vem agora?

O Governo será agora obrigado a realizar uma Avaliação Ambiental Estratégica ao projeto do Aeroporto do Montijo comparando-o com outras alternativas. Mas então... que alternativas são essas? Bem... não sabemos ao certo. Por um lado, o estudo pode focar-se inteiramente em localizações alternativas para construir um aeroporto complementar, por outro, pode também (ainda que seja improvável) abranger cenários em que a Portela é encerrada e substituída por um aeroporto feito de raiz. 

Aliás, a discussão sobre toda esta questão irá certamente oscilar bastante para essa dúvida sobre a manutenção do principal aeroporto de Lisboa na Portela. Isto deve-se a não existirem outras localizações viáveis para construir um aeroporto complementar competitivo (onde o investimento seja reduzido e a distância a Lisboa também). Vejamos porquê

  • Campo de Tiro de Alcochete: longe de Lisboa, longe de todas as infraestruturas existentes, muito dispendioso porque o aeroporto teria de ser feito de raiz e não seria minimamente competitivo com a Portela a funcionar;
  • Alverca: muito pouco espaço disponível, a rota de aproximação é a mesma da Portela, ou seja, é impossível não roubar capacidade ao A.H.D. (o que é exatamente o oposto do que queremos);
  • Sintra: A rota de aproximação e descolagem também entraria em conflito com a Portela, não há muito espaço para aumentar o comprimento da pista;
Ou seja, nem vale a pena perdermos tempo a analisar estas soluções para um aeroporto complementar. O estudo deve por isso debruçar-se sobre as seguintes opções:

  • Portela (expandida) + complementar no Montijo;
  • Portela (expandida) sem complementar;
  • Substituição da Portela por um Novo Aeroporto de Lisboa (de moldes a definir);
É claro que todas estas possibilidades se baseiam num cenário em que o turismo tenha uma boa recuperação (mais ou menos rápida) e em que a TAP sobreviva a esta crise com uma dimensão razoável a capacidade para ter um hub mais "modesto". 

Em suma, o país tem agora mais tempo para pensar a questão da capacidade aeroportuária em Lisboa mas não nos devemos continuar a alongar em estudos ad eternum como andámos a fazer nos últimos 40 anos. Portugal tem de cair na real e perceber que dimensão podemos conseguir e qual será a solução mais vantajosa que se adeque a essa realidade. 

Eu sei que este blog se chama utopias XXI, mas acho que Portugal já perdeu demasiado tempo com isso mesmo, utopias. 

Tomás Ribeiro

Comentários

  1. Boa tarde.

    Você está a excluir a solução Alverca partindo do pressuposto de que a atual pista desta base seja a considerada numa eventual solução Portela + Alverca. Ora, segundo a proposta de conceituados especialistas, entre eles Dr. José Proença Furtado, Dr. Fernando Nunes da Silva e Dr. António Segadães Tavares, é considerada a construção de uma nova pista sobre o Mouchão da Póvoa, com alinhamento paralelo à pista do Aeroporto Humberto Delgado, cujos alinhamentos distam entre si cerca 4km. Partindo deste novo pressuposto, a solução Portela + Alverca parece-me ser mais vantajosa em todos os aspetos relativamente à solução Montijo.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Essa pista construída sobre o Mouchão da Póvoa seria caríssima e seria literalmente construída dentro da Reserva Natural do Estuário. Nunca passaria em EIA impacto ambiental

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue